Carta da Matilde

"Querido Pai Natal

Gosto muito de ti e das tuas barbas brancas. Aqui na escola, dizem que não existes mas eu não acredito neles. Sou muito esperta enquanto eles nem sabem contar, e se atrapalham na tabuada dos nove...são uns tontos, sei que estão a mentir!
Escrevi esta carta com a ajuda da minha professora, ela prometeu a todos os meninos lá da escola, que as  levaria ao correio. A minha professora é um espetáculo.
Fogo Pai Natal, é mesmo incrível que consigas ler tooodas as cartas que lhe mandam.  Admiro-o muito, ler em tantas línguas não é fácil...
Este ano não quero prendas, ou melhor, não preciso de mais brinquedos porque já tenho muitos. Quero mesmo uma coisa dentro da cabeça da minha mãe.Uma coisa que é muito importante para uma criança, e que gostamos muito.
Pai Natal, eu queria que a minha mãe deixasse-me  sujar um bocadinho!
Claro que não é preciso ficar coberta de lama, mas dava jeito não ter sempre que estar limpinha e poder andar de bicicleta durante todo o sábado. Poder colecionar as pedrinhas que encontro, e não ter sempre que trocar de roupa quando um pequeno rasgão acontece.
A verdade, é que eu gosto de brincar muito, mas só posso nos fins de semana...se passo todo o tempo a manter-me  bonita e limpa, como posso brincar?
Era isso Pai Natal, sei que parece uma ideia doida, mas eu quero o direito de sujar-me e de brincar à brava. Se esfolar os joelhos, não faz mal, eu fico boa logo, logo.Afinal todas as crianças têm um anjo que toma conta delas. E eu, sou como um gato, caio, mas levanto de seguida.
Sei que é um pedido difícil,mas O Pai Natal consegue, talvez seja necessário hipnotiza-la, o meu pai diz, que as vezes a minha mãe é impossível.
Esta, seria a melhor prenda que uma criança pode desejar.
Obrigada grande amigo"

Beijos Matilde

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