ANDAR PELA RUA

Lembro-me de que quando era pequena, gostava de esperar pelas coisas.
Gostava de um biscoito, e guardava dois:
um para o início da brincadeira, o outro para o final.

Sempre foi assim. As coisas não podem ser rápidas, devem ser saboreadas.
A lentidão sempre foi um movimento que me deliciou.
É como a história do Cor de Rosa, que recusa -se a ser rápido;
por isso nunca vira Vermelho.

Todos os meses, eu esperava por aquele dia.
O meu pai me pegava pela mão, a minha mãe escovava o meu cabelo,com
a esperança de deixa-lo liso e juntos, saíamos em aventura.

Nos pés, os sapatos redondos, as meias com rendinhas, a saia no joelho e a
camisa branca.
No pulso, uma pulseira com o meu nome gravado, um tesouro.

Gostava de sentir a cor da cidade invadir-me os cabelos, ver
as pessoas na rua, e sentir o cheiro das pipocas.Se existe uma profissão
mágica, esta é - ser pipoqueiro.
Que palavra bonita... pipoqueiro.
O homem que vende pipocas, pequenos sacos de alegria.

O processo começa com a fome, uma fome de pipocas.
Depois,  o gosto de ouvir o milho a fritar na panela,o milho aquecido começa a saltitar,
a dar cambalhotas e então, começa a batucada.
Se fecharmos bem os olhos,conseguimos ouvir, a bateria de uma Escola de Samba.

Quando a tampa da panela se abre, caro leitor, temos um pequeno
banquete,as pipocas saltam por todo lado,como se fossem pequenas nuvens
estaladiças!
Que gosto bom, uma mão cheia de pipocas.
Uma tarde toda sem ter hora de espera, sem hora marcada.
Sem preocupações,sem ter nada para fazer.
Que delícia de hora boa.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

TERESA AMABILE E A CRIATIVIDADE

O BEBÉ de Fran Manushkin